Adriano Lima, referência nacional em gestão de pessoas e eleito Top of Mind de RH de 2025, proferiu a palestra “Inspirar ou pirar: o dilema da liderança” no Auditório Alelo, durante o XVIII CONPARH. Ele iniciou a apresentação declarando seu amor pelo RH e compartilhou o que classificou como “a vergonha da minha carreira”, vivida durante seu período como vice-presidente de RH da Mastercard.
Com apenas um mês na gigante internacional, aceitou fazer uma apresentação de 25 slides sobre indicadores de RH (turnover, salário médio etc.) em uma reunião de executivos (“Latin America Meeting”). No quinto slide, o presidente da companhia o interrompeu dizendo: “O que você está apresentando aqui não diz nada pra gente. A gente já tem esses conhecimentos, esses indicadores, esses números…”. O executivo afirmou que a empresa precisava de um RH que entendesse o negócio e desafiou Adriano a focar em indicadores de negócio, capazes de ajudar a melhorar o market share e a eficiência operacional. O presidente concluiu solicitando uma nova apresentação em três meses, focada “no negócio e em como o RH vai nos ajudar a ganhar mais competitividade no Brasil”.

A partir desse aprendizado, Adriano conduziu a reflexão central da palestra. Ele destacou que cerca de 28% dos colaboradores não trabalham de forma engajada, representando um desperdício de, no mínimo, 28% da folha de pagamento. Para ele, o que mata uma empresa é o turnover virtual, e a principal causa desse desengajamento é a falta de liderança. O especialista ressaltou a diferença entre gerência (planejamento, orçamento, organização, recrutamento de pessoal, controle e solução de problemas) e liderança (definição de diretrizes, alinhamento de pessoas, motivação e inspiração), enfatizando que liderança não é personalidade — é habilidade.
Adriano defendeu que “a falta de liderança devora a estratégia e a cultura no almoço” e afirmou que liderar é entregar resultados de maneira sustentável, sendo gerência e liderança funções complementares. Ele apresentou as principais preocupações do RH — 77% dos líderes não preparados para o futuro, saúde mental e cultura organizacional — e alertou que essa ausência de liderança tem adoecido as pessoas e as empresas. O caminho, segundo ele, é a liderança humanizada, que busca equilibrar resultados e empatia, rompendo paradigmas de modelos autoritários de gestão.
Em um momento de vulnerabilidade, o palestrante compartilhou experiências pessoais — como um descompasso cardíaco e um período em 2015 marcado pelo fim do casamento e pela perda do emprego — para ilustrar a importância de “liderar a si mesmo em primeiro lugar e cuidar de si também”. Ele comparou a vida a um malabarismo, no qual é crucial identificar quais são as bolas de vidro e as de plástico — sendo família, finanças e saúde as três mais importantes.

Adriano concluiu que a excelência na liderança exige habilidades, modelo de gestão e autorresponsabilidade. A liderança humanizada é o futuro do trabalho, pois os profissionais buscam ser valorizados como indivíduos e desejam um ambiente equilibrado, o que fomenta engajamento, criatividade, inovação e retenção de talentos, resultando em melhores resultados financeiros.
“Um líder humanizado não apenas gerencia, mas inspira. Liderar não é sobre ser perfeito. Não é sobre ser exemplo. É sobre ser humano. E vamos amar mais o que a gente faz.”
Texto: Básica Comunicações
Fotos: Leandro Provenci e Gian Galani