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XVIII CONPARH destaca o poder do fator humano em meio à era da inteligência artificial

Nos dias 22 e 23 de outubro aconteceu a 18ª edição do Congresso Paranaense de Recursos Humanos – CONPARH, promovido pela ABRH-PR (Associação Brasileira de Recursos Humanos – Seccional Paraná). O evento, realizado no Viasoft Experience, trouxe como tema central “Tudo que só o humano é capaz de fazer” e reuniu mais de 3 mil pessoas durante os dois dias. Líderes, profissionais e empresários refletiram sobre o papel insubstituível das pessoas em um mundo cada vez mais orientado pela tecnologia e pela inteligência artificial.

O XVIII CONPARH contou com mais de 60 marcas parceiras, entre a Feira de Negócios, Mini Arena, Fórum de CEOs, Sala Imersiva e ativações realizadas. Entre as palestras magnas e os talks simultâneos foram mais de 70 palestrantes, discorrendo sobre temas relacionados aos pilares do Congresso: Liderança: Resultados que nascem das pessoas; Empatia, Cuidado e Conexões Genuínas; Pertencimento e Cultura – o elo invisível; Criatividade, Intuição e Inovação com Alma; Responsabilidade Humana e Tecnologia a Serviço do Humano.

A ABRH Paraná já confirmou a próxima edição do CONPARH será nos dias 28 e 29 de outubro de 2026, no Viasoft Experience, com o tema – O insubstituível: humanidade e liderança em tempos de incerteza.

Abertura oficial

A cerimônia de abertura teve a condução dos jornalistas Heitor Humberto (RPC) e Adriane Werner (ABRH-PR). Entre os presentes, autoridades públicas e representantes das principais entidades ligadas ao desenvolvimento humano e organizacional, entre eles Secretária Municipal de Gestão de Pessoal, Daniele Regina dos Santos, o presidente da ABRH Paraná, Gilmar Silva de Andrade, a vice-presidente da ABRH Paraná e diretora do XVIII CONPARH, Vera Lúcia Mattos, o vice-presidente Financeiro e de Relações de Mercado, Luis Humberto de Quental, o presidente do Conselho Deliberativo da ABRH Paraná, Ricardo Nanami, a diretora de Conteúdo da ABRH Brasil, Andréa Gauté, o presidente do Conselho Deliberativo da ABRH Brasil, Paulo Sardinha, e a presidente da Diretoria Executiva da ABRH Brasil, Leyla Nascimento.

Em sua fala o presidente da ABRH-PR, Gilmar Silva de Andrade destacou o papel do ser humano em um mundo cada vez mais dominado pela tecnologia e pela inteligência artificial. “Diante do avanço constante da tecnologia e da inteligência artificial, a pergunta central é: o que é exclusivamente humano? A resposta está na essência que nos torna únicos — a capacidade de sentir, imaginar e transformar. Somente o ser humano é capaz de empatia, de encontrar sentido no outro e de criar beleza e esperança a partir do caos. Enquanto a tecnologia executa e os algoritmos calculam, o humano sonha e questiona, sendo a fonte do novo, do imprevisível e do improvável. O que o humano é capaz de fazer é um lembrete de que a inovação deve estar a serviço da vida, da ética e da dignidade”, declarou.

A inteligência emocional e a capacidade de cooperar são habilidades que não podem ser programadas. “É crucial cultivar a escuta, o cuidado, a sensibilidade e a criatividade, virtudes que nenhuma máquina substituirá. O que transforma o mundo é o propósito — o porquê e o para quem fazemos — uma chama interior que só o humano pode acender. Neste momento de aceleração, o convite é para que não deixemos de ser humanos”, complementou.

ABRH Brasil no XVIII CONPARH

A presidente da ABRH Brasil, Leyla Nascimento, e o presidente do Conselho Deliberativo, Paulo Sardinha, representaram a entidade no evento. “Destaco a presença de importantes membros da diretoria da ABRH — a única associação de Recursos Humanos do Brasil que representa o país na Federação Interamericana e na Federação Mundial de Associações de RH, que reúne 93 países. A profissão de Recursos Humanos no Brasil possui uma força institucional significativa por meio da ABRH, que recentemente completou 60 anos”, disse Leyla.

A presidente também falou sobre a importância dos eventos de RH “O CONARH, Congresso Nacional de Recursos Humanos, é uma evidência dessa força, tendo reunido 72 mil pessoas em sua última edição. Já o CONPARH nos convida à reflexão sobre as transformações globais que impactam o RH e impulsionam a área a assumir um papel fundamental e renovado nas organizações: o de educador. Este é um momento crucial para refletirmos sobre a profissão, suas práticas e o futuro das organizações”, finalizou.

Confira um resumo dos principais palestrantes do XVIII CONPARH.

A liderança que inspira e transforma

Uma das figuras mais influentes e inspiradoras do cenário empresarial brasileiro, a empresária Luiza Helena Trajano (Magazine Luiza e Grupo Mulheres do Brasil), conhecida por sua liderança visionária e paixão pelo varejo, trouxe lições valiosas para o XVIII CONPARH. Ela falou sobre “a liderança que inspira, empodera e gera entregas consistentes”, durante sua apresentação no Auditório Alelo.

Reconhecida por transformar o varejo com visão humana e foco em resultados duradouros, a executiva defendeu uma união indissociável entre resultados concretos e compromisso social. Para ela, liderar não é sobre mandar, é sobre inspirar. A essência de sua liderança é a gestão inclusiva e humanizada, vendo os funcionários como o principal ativo da empresa.

Luiza reforçou a importância da área de Recursos Humanos que, na sua opinião, deve estar totalmente alinhada aos resultados. E ainda usou uma analogia, “o RH da Administração: o carrinho do dia a dia e o carrinho do longo prazo, em que a pessoa tem que administrar bem os dois”. Para ela, o RH deve estar preocupado com esses dois carrinhos e sempre valorizando as pessoas, pois elas são muito importantes. “Valorizamos, estimulamos, incentivamos, premiamos. A motivação faz bem. São as pessoas que fazem os números. É cuidando das pessoas que vamos ganhar dinheiro, essa é a minha equação. Crenças limitantes nossa empresa não tem”.

“Somos uma empresa 100% brasileira, não nascemos digital, mas hoje temos 4 laboratórios digitais e temos a maior influenciadora digital. Nunca abrimos mão de nosso propósito, 29 anos entre as cinco maiores empresas. Crescemos junto com a nossa equipe. Mudamos sempre em inovação mas nunca mudamos nossa cultura, nossos valores. É o jeito Luiza de ser. Quando a empresa perde a alma ela perde sua espinha dorsal. Praticamos a inovação com simplicidade. O humano cada vez se torna o mais importante, concordando com o tema do congresso”, declarou.

Cultura viva, além da comunicação institucional

Rogério Chér, consultor, escritor e conferencista, provocou uma profunda reflexão no público do XVIII CONPARH, em palestra realizada no Auditório Alelo. Ele convidou os congressistas a pensar sobre como a cultura viva transforma valores em atitudes no dia a dia. “Nesta longa trajetória, tenho uma certeza: estar desempregado é tão ruim quanto estar desengajado”, afirmou.

Para Chér, o desengajamento é um dos grandes males das organizações modernas. “Desengajamento custa muito caro. Custa caro demais para o indivíduo, para sua equipe, para sua família, que testemunham uma pessoa desanimada, sem alma, vagando pela rotina corporativa quase como um walking dead”, descreveu.

Segundo ele, a cultura pode ser analisada sob diferentes perspectivas e exemplificada de várias formas. Um dos exemplos citados foi o da Apple, que se tornou mais valiosa do que o PIB do Brasil. “A Apple não é a empresa mais valiosa do mundo apenas por causa de seus produtos ou serviços, mas por causa da sua cultura”, destacou. Ao analisar a cultura da marca, Chér ressaltou sua capacidade de tocar a alma das pessoas, o que se tornou um diferencial competitivo.

Após apresentar outros casos, o palestrante alertou que uma cultura negligenciada pode comprometer qualquer estratégia. “Uma empresa pode ter a missão mais inspiradora e a visão mais ambiciosa, mas, se essas palavras não reverberam nas atitudes do dia a dia, o que existe ali não é cultura — é discurso”, pontuou.

Citando Peter Drucker, Chér lembrou a máxima de que “a cultura devora a estratégia no café da manhã”, e observou que essa frase nunca foi tão verdadeira quanto hoje, diante de empresas promissoras que falham não por falta de recursos, mas por culturas tóxicas, desengajadoras e desalinhadas com seus desafios estratégicos.

Liderança Humanizada como chave para o futuro do trabalho

O professor, pesquisador e palestrante Alexandre Pellaes cativou o público no Auditório Alelo durante o XVIII CONPARH com uma palestra bem-humorada, porém profunda, sobre “Liderança Humanizada” e a redefinição do significado do trabalho. Segundo Pellaes, o futuro não é um destino, mas uma construção ativa que exige um novo olhar para a relação entre o indivíduo, a liderança e as organizações.

Pellaes iniciou a conversa abordando a transformação na essência do que significa trabalhar. “A forma como enxergamos o trabalho está mudando, e essa transformação reflete uma reconfiguração profunda do significado que ele ocupa na nossa identidade individual.” Ele destacou que o trabalho, antes visto como uma simples troca de tempo por remuneração (lógica do “ter”), migra para a lógica do “ser”, em que a pessoa busca reconhecimento, crescimento e propósito.

Para Pellaes, a complexidade da Liderança Humanizada pode ser estruturada em quatro dimensões interligadas de atuação. A primeira delas, o Nível do Indivíduo/Comunidade, foca no desenvolvimento pessoal essencial para a tomada de decisão, que inclui autoconhecimento, autogestão evolutiva, flexibilidade/adaptabilidade e inteligência emocional. A segunda dimensão, o Nível de Relacionamento, trata da interação interpessoal do líder, englobando a capacidade de inspirar e motivar, comunicação eficaz, empatia e a capacidade de delegar. Em seguida, o Nível de Negócios é o campo de aplicação prática da liderança, abrangendo excelência técnica, protagonismo estratégico e a habilidade de “causar tensão positiva” para impulsionar a inovação. Por fim, a dimensão das Grandes Mudanças aponta que o novo modelo de liderança deve ser capaz de responder ativamente às transformações estruturais do mercado em quatro pilares: Pessoas, Liderança, Organizações e Tecnologia.

Amplificar a humanidade na era da Inteligência Artificial

Em sua participação no XVIII CONPARH, a executiva de pessoas, cultura e transformação Mafoane Odara falou sobre “Humanidade 5.0: liderar e inovar na era da inteligência artificial”. A apresentação propôs um debate essencial: como garantir que a tecnologia sirva para potencializar as capacidades humanas, em vez de substituí-las. O cerne de sua mensagem é que a Inteligência Artificial (IA) “deve ser usada para fortalecer as habilidades humanas, como a criatividade, a intuição e a empatia, e não para automatizar completamente as tarefas”.

Mafoane enfatizou a importância da comunicação e das relações humanas como o próximo grande salto evolutivo. “A próxima revolução que viveremos é a revolução das relações.” Ela destacou que “não existe desenvolvimento que não passe pelas relações” e que o “senso de pertencimento é crucial no ambiente de trabalho, onde nove dos dez fatores para que as pessoas se sintam vistas, ouvidas e valorizadas têm a ver com tratamento”.

A visão de futuro de Mafoane é clara: o sucesso dependerá da capacidade de navegar na complexidade sem perder de vista o ético, a colaboração e o contexto social. A IA deve ser aliada para que as pessoas se concentrem em trabalhos que exigem “pensamento crítico, criatividade e relacionamento humano” — justamente os domínios em que o valor da inteligência humana é insubstituível.

Liderar não é sobre ser perfeito, é sobre ser humano

Adriano Lima, referência nacional em gestão de pessoas e eleito Top of Mind de RH de 2025, proferiu a palestra de encerramento do XVIII CONPARH, com o tema “Inspirar ou pirar: o dilema da liderança”. Ele iniciou a apresentação declarando seu amor pelo RH.

Ele destacou que cerca de 28% dos colaboradores não trabalham de forma engajada, representando um desperdício de, no mínimo, 28% da folha de pagamento. Para ele, o que mata uma empresa é o turnover virtual, e a principal causa desse desengajamento é a falta de liderança. O especialista ressaltou a diferença entre gerência (planejamento, orçamento, organização, recrutamento de pessoal, controle e solução de problemas) e liderança (definição de diretrizes, alinhamento de pessoas, motivação e inspiração), enfatizando que liderança não é personalidade — é habilidade.

Adriano defendeu que “a falta de liderança devora a estratégia e a cultura no almoço” e afirmou que liderar é entregar resultados de maneira sustentável, sendo gerência e liderança funções complementares. Ele apresentou as principais preocupações do RH — 77% dos líderes não preparados para o futuro, saúde mental e cultura organizacional — e alertou que essa ausência de liderança tem adoecido as pessoas e as empresas. O caminho, segundo ele, é a liderança humanizada, que busca equilibrar resultados e empatia, rompendo paradigmas de modelos autoritários de gestão.

Feira de Negócios

De acordo com Luís Humberto de Quental, vice-presidente financeiro e de mercado da ABRH-PR, o objetivo da Feira de Negócios foi que os congressistas conhecessem soluções inovadoras, construíssem parcerias reais e oportunidades de negócios. “É o momento em que o networking se converte em resultados concretos. O grande diferencial desta edição é justamente a forma como combinamos conteúdo de ponta, networking estratégico e experiências interativas. Mais do que assistir a palestras, o participante viveu o CONPARH”, disse.

 

Encerramento

Ao final do evento, voluntários e profissionais da organização foram convidados ao palco para celebrar mais uma edição do CONPARH. Para a vice-presidente da ABRH-PR, Vera Mattos, o CONPARH 2025 trouxe uma proposta inspiradora: revisitar a essência humana em meio à revolução tecnológica. “Vivemos tempos de profunda transformação tecnológica, em que a inteligência artificial avança rapidamente, mas nenhum algoritmo é capaz de reproduzir a emoção, o gesto, o cuidado ou o verdadeiro reconhecimento entre as pessoas. O tema deste ano reforçou o valor de tudo que só o humano é capaz de fazer, lembrando que o que move o mundo não são os sistemas, mas as pessoas”, finalizou.

Texto: Básica Comunicações

Fotos: Leandro Provenci e Gian Galani